domingo, 26 de junho de 2016

Hipocrisia Nacional: somos todos hipócritas?



HIPOCRISIA NACIONAL: SOMOS TODOS HIPÓCRITAS?

Há pouco mais de dois meses, milhares de brasileiros saíram às ruas para se manifestar contra a corrupção no país. O alvo principal era a presidente Dilma e a cúpula do Partido dos Trabalhadores.

Quando a presidente foi afastada pelo Congresso, os manifestantes vibraram e comemoraram muito, afinal, segundo eles “a corrupção havia sito expulsa do governo”.

Naquele mesmo momento, Michel Temer (PMDB) assumiu provisoriamente a presidência do país.

E logo o presidente interino tratou de mudar radicalmente a política nacional. Especialmente estancando as políticas sociais. Temer pode até não ter cancelado os programas sociais do governo petista, mas colocou-os em banho-maria. Basta analisar a diminuição dos valores que serão investidos nos projetos "Minha Casa, Minha Vida", "Pronatec", "ProUni", etc.

Entre as medidas conservadoras de Temer também está a extinção do Ministério da Cultura (voltaria atrás com a repercussão negativa de tal atitude) e a diminuição nos investimentos na área da educação, política que justificou como uma "parceria com a iniciativa privada" para com os investimentos em educação e cultura (será que deseja privatizar a educação e a cultura?).

Segundo o professor Alexsandro Santos "há uma pauta nesse programa que indica, pra já, uma espécie de pro-Uni do ensino médio, abrindo parcerias com escolas privadas. Um retrocesso abissal porque entrega para a iniciativa privada a formação básica. Está na pauta também desse eventual governo que começa a se desenhar, que a gratuidade na graduação dependerá avaliação. Outra ameaça: a lógica de que os professores precisam ser melhor controlados para ensinar melhor", disse em debate realizado na PUC de São Paulo.

Já na escolha do ministério ficou bastante claro as intenções conservadoras do governo interino. A cúpula do PMDB (partido eternamente no poder) e PSDB (partido cujo projeto de governo foi rejeitado nas 4 últimas eleições presidenciais) foram os grandes beneficiados com a formação do novo executivo.

Contudo, antes mesmo que o governo provisório completasse um mês, a real face desta administração apareceu. Em escutas telefônicas gravadas antes do processo de impeachment da presidente Dilma.

Nas palavras do presidente do senado, sr. Renan Calheiros (PMDB-AL), “Não negociam porque estão putos com ela (Dilma). Ela me disse e é verdade mesmo, nessa crise toda – estavam dizendo que ela estava abatida, ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável, ela está gripada, muito gripada – aí ela disse: ‘Renan eu recebi aqui o Lewandowiski, querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowiski só veio falar do aumento, isso é uma coisa inacreditável’. Curiosamente o reajuste do judiciário foi aprovado logo que o afastamento da presidente foi confirmado.

Já em outros momentos da conversa, Renan Calheiros afirmou que as delações premiadas terão que ser limitadas, senão não sobrará ninguém livre.

Em outras gravações, desta vez entre Machado e Romero Jucá (PMDB-RR), o senador Jucá afirma “Conversei ontem com alguns ministros do Supremo (STF). Os caras dizem ‘ó só tem condições de (inaudível) sem ela (Dilma). Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu? Então... Estou conversando com generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar”.

Em outras partes do áudio Jucá afirma que a Operação Lava Jato só vai parar com o afastamento da presidente. Por isso, segundo ele, a presidente precisa cair.

Em outra gravação, desta vez com o ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), Sérgio Machado afirmou "Agora, se a gente não agir... Outra coisa que é importante para a gente, e eu tenho a informação, é que para o PSDB a água bateu aqui também. Eles sabem que são a próxima bola da vez". E Sarney responde "eles (PSDB) sabem que não vão se safar".  

E aí veio o processo de impeachment...

Todos os envolvidos nestas escutas telefônicas agora fazem parte do governo de Michel Temer...

E depois há quem diga que não foi um golpe...

Por isso, deixo uma questão para reflexão: Onde estão os manifestantes de dois meses atrás que ‘lutavam’ contra a corrupção no país?

J.Mercúrio
Ainda não grampearam seu telefone.